top of page

CONSPURCADOS de Joclécio Azevedo

“Conspurcados” lida com a noção da procura de emancipação ao domínio das aparências. Corpos conspurcados, corpos impuros, corpos abjetos, corpos na iminência de se deixarem consumir pela voracidade das imagens que produzem. Há talvez também algo de belo na atracção pelo excesso, pela procura de limites, pelo processo de interrogação daquilo que cada corpo projeta para o exterior, como se estivessem todos imersos num jogo de identidades deterioradas à procura de uma possível reconstituição. A possibilidade da escolha entre aceitar-se, rejeitar-se ou tornar-se indiferente a si próprio constitui o cerne desta espécie de jogo ou confronto entre interior e exterior, onde as possíveis fronteiras diluem-se na entrega do corpo ao acto de jogar e ao acto de interagir com os outros, com o espaço, com as imagens ou memórias despertadas. No fundo o importante é tentar sobreviver ao jogo, reinscrever-se no mundo, recuperar o prazer de possuir um corpo, todo ele feito de dilemas.

Este trabalho nasce de um convite do BCN para a criação de uma nova coreografia para a companhia. Tendo já acompanhado algumas das últimas produções da companhia e conhecendo a dinâmica que possuem enquanto grupo, resolvi trabalhar a partir do potencial expressivo dos intérpretes, num trabalho que desafia as suas capacidades de serem transportados pelo movimento e de exercitarem a coreografia enquanto forma de reconfigurar qualidades de presença, criando diferentes tonalidades na plasticidade e mobilidade do corpo em cena.

A partir do palco vazio, o trabalho coreográfico terá como base a produção de imagens físicas, de ritmos e de acções coreográficas numa perspectiva integrada. O espaço cénico será configurado a partir do reaproveitamento de roupas usadas e figurinos pertencentes à história da companhia, sem ter em vista uma revisão do passado, mas antes um processo de diálogo com fragmentos de memória, com possibilidades de transformação e com a tentativa de construção consciente de horizontes.

Coreografia Joclécio Azevedo Interpretação André Mendes, Bruno Senune, Camila Neves, Flávio Rodrigues Banda sonora e espaço cénico Joclécio Azevedo

Figurinos Joclécio Azevedo, Susana Otero, Flávio Rodrigues e Pedro Rosa

Desenho de Luz João Teixeira

Produção Executiva Joana Ferreira Apoio Câmara Municipal de Santa Maria da Feira 

Estreia: 27 Março 2014

bottom of page