"VOID VOID VOID" de Maria R. Soares & Antonio Marotta e "DRAG (on)" de Mariana Tengner Barros, trabalhos apresentados no Palco do Cineteatro António Lamoso no dia 5 de novembro de 2022. iPhone pics de Rogério Nuno Costa.
Diário de Bordo
por Diogo Sottomayor
Quinto dia
Aquecimento.
["Experiência 01", instalação interativa do Colectivo Suspeito habitada/ativada pelxs artistas do RE=INICIAR | Encontro de Artes Performativas. Black Box do Imaginarius Centro de Criação, 5 de novembro de 2022.]
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Maria R. Soares e Antonio Marotta exploram som e movimento. A proposta é criar “paisagem onde som, espaço e gesto se diluem numa só matéria, numa invocação aos grandes vazios cósmicos. Vazio como potencial lugar não rígido onde o inesperado pode tomar forma e revelar-se.” O dispositivo proposto coloca Maria a comunicar através de dois media: o seu corpo e o movimento do seu corpo que provoca um som. Isto leva-nos a meditar sobre as potencialidades de movimento e som, remetendo para um ambiente contemplativo sem forma. Uma espécie de voltar à caverna onde o gesto primitivo não se esgota em si mesmo, mas deixa um lastro sonoro com uma determinada qualidade. Um espaço que reverbera no público de diferentes formas. Um objeto que não pretende ser mais do que é: um exercício de expansão do medium som aliado à géstica da dança, e cujo resultado não é um fim, mas um processo.
Pequena pausa.
"VOID VOID VOID" de Maria R. Soares & Antonio Marotta, excerto filmado por Rogério Nuno Costa. Cineteatro António Lamoso, 5 de novembro de 2022.
Mariana Tengner Barros surge em cena.
Sentimos uma conexão.
Sentimos que não há uma vontade de binarizar. Tudo é fluido, tal como o movimento do saco. O som do saco, é também ele uma ode. Há o gesto de Mariana. A cor do espaço cénico. Uma canção.
A pretensão é ser uma ode e a criadora surge-nos como uma criatura marítima que transmite melodias. Será a letra importante? Quererá remeter para um espaço aquático do futuro? A criadora indica que são “práticas de estados de espírito e a sua relação com o estado das coisas.” E nós estamos com ela. Nessa exploração, nessa expansão.
Já não é apenas dança. Isto podia ser um número de uma drag queen. Ou podia ser outro local qualquer. É sobre transformação. Sobre constante devir e ser. Liberta. E liberta os outros dos fardos da interpretação. No fim, o melhor: um Adeus Performativo.
"DRAG (on)" de Mariana Tengner Barros, excerto filmado por Rogério Nuno Costa. Cineteatro António Lamoso, 5 de novembro de 2022.
Diogo Sottomayor
Registo fotográfico realizado por Jani Nummela (5 de novembro de 2022). Artistas: Maria R. Soares, Mariana Tengner Barros e Pan.demi.CK. Espaços: Palco e Café-Concerto do Cineteatro António Lamoso.
Batida Contemporânea do Nós
Live act eletrónico de música de dança por Pan.demi.CK
"Batida contemporânea do Nós" é uma peça de dança tocada. Tocada por vozes distantes e instrumentos pêrros do passado destas terras lusas. Tocada por vozes tribais e hipnóticas sobre ritmos de percussão ritualistas de terras distantes e variadas cronologias cósmicas. Tocada por uma máquina mecânica e robótica que serpenteia os graves por entre as frestas de uma rave ilegal, reincendeando a alma de memórias futuristas de um passado belo e pagão. Uma peça de dança em que os bailarinos são tu... somos nós... é a liberdade de quem ousar dançar num acto de rebeldia, fintando assim, desmanchando e reconstruindo uma versão melhor deste sistema operativo que nos controla... Transcender na pista de dança é uma obrigação num mundo que nos nos força à apatia. Dancemos Nós o passado e o futuro a esta batida contemporaneamente agora.
"Batida Contemporânea do Nós" live act de Pan.demi.CK (Jonny Kadaver), excerto filmado por Rogério Nuno Costa. Cineteatro António Lamoso (Café-Concerto), 5-6 de novembro de 2022.
"VOID VOID VOID" de Maria R. Soares & Antonio Marotta e "DRAG (on)" de Mariana Tengner Barros. Registo fotográfico da responsabilidade do Cineteatro António Lamoso, 5 de novembro de 2022:
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